Tim Maia, precursor do soul no Brasil, diria que uns nascem para sofrer enquanto outros riem. Se trouxermos a ideia para contextos mais íntimos, poderíamos presumir que alguns transam ao passo que os demais dormem ─ ou tentam dormir ─, sendo este último o meu caso.
A vida adulta parece se dividir entre fazer sexo habitualmente e encará-lo como um vislumbre distante da adolescência. Mas a situação se complica quando, além de não termos uma noite animada, nos tornamos ainda espectadores involuntários do prazer alheio. Afinal, vizinhos, amigos e até completos desconhecidos podem ter uma vida diferente da nossa ─ e fazer muito sexo.
Resta o questionamento: ser testemunhas de parede nos restringe à legitimidade do incômodo ou apenas faz surgir uma brecha para que a inveja brote em nós? Difícil responder, né? Entrego nas suas mãos, nesta coluna, esse corolário carnal.
Um abraço!
Will Assunção