Homens de pés bonitos podem ter encontrado uma mina de ouro — literalmente ali, na ponta dos próprios dedos. Sejam os que desfilam de havaianas brancas, se escondem em meiões e chuteiras ou exibem panturrilhas dignas de academia: o nicho de venda de fotos de pés se transformou em um mercado surpreendentemente lucrativo. Esse novo negócio atrai um público diverso, especialmente movido pelo fetiche. Com o envio instantâneo de imagens e vídeos, as redes sociais viraram uma vitrine de possibilidades quase ilimitadas: um prato cheio para nenhum podólatra botar defeito.
Os consumidores desse tipo de conteúdo costumam ser fisgados por pés masculinos expostos de forma espontânea no Instagram e em outras redes onde a imagem possui a garantia de espaço privilegiado. Antes mesmo de gastar um centavo, muitos enviam mensagens elogiando a beleza anatômica do pé alheio — e outros, mais diretos, já perguntam quanto custa receber um pacote de fotos em boa resolução e de múltiplos ângulos.
Na maioria das vezes, esses packs (conjuntos de fotos e vídeos dedicados aos pés) são vendidos por modelos, influencers, atletas ou amadores de esportes que chamam atenção após postar, intencionalmente ou não, essa parte do corpo que desperta tanto interesse.
Para quem prefere não abordar desconhecidos com “pé bonito” na internet, existem plataformas específicas como o FeetFinder. Nesse aplicativo, criadores podem publicar conteúdo, definir preços e vender pacotes personalizados sob demanda — quase um marketplace da podolatria.
Segundo dois advogados consultados pela assuntasó!, não existe regulamentação específica no Brasil para esse tipo de transação. Eles reforçam, porém, que vender ou compartilhar imagens sem consentimento é crime, mesmo que o mercado esteja desbravando fronteiras onde a lei ainda caminha mais devagar que a curiosidade humana.
- o fetiche
A podolatria é a preferência sexual em que alguém sente excitação ao ver, tocar, cheirar ou interagir de alguma forma com pés humanos. É um tipo de fetiche que pode envolver carinho, massagem, beijos, contemplação estética — ou simplesmente a fascinação por determinado formato, textura ou proporção. Psicólogos enfatizam que, isoladamente, isso não configura patologia: só se torna problema quando provoca sofrimento, prejuízo ou envolve alguém sem consentimento.
Para Freud, a origem desse interesse específico estaria lá na infância, quando a criança percebe diferenças entre os corpos e enfrenta uma mistura de curiosidade, medo e fantasia. Para lidar com esse turbilhão, o cérebro encontraria um “objeto substituto” — no caso, o pé — capaz de canalizar o desejo de maneira mais segura e emocionalmente administrável.
Com o tempo, esse ponto de desvio vira uma espécie de atalho afetivo: um jeito de manter a excitação sem encarar diretamente aquilo que gerou estranhamento no passado. O resultado é que, na vida adulta, o pé acaba registrado como um dos gatilhos preferenciais de prazer.
E a cultura pop não escapou desse fenômeno. Uma cena curiosa chamou a atenção dos milhões de seguidores do tricampeão mundial de surfe Gabriel Medina: atendendo a uma enxurrada de pedidos, o atleta publicou em seu Instagram fotos do próprio pé em vários ângulos — revelando, de quebra, que o tamanho extragrande (43) não era só da prancha.
- negócio lucrativo
Segundo levantamento feito pela assuntasó!, alguns criadores de conteúdo chegam a faturar até R$ 7 mil por mês. O valor depende diretamente de construir público, manter engajamento e entregar imagens de qualidade — muitas vezes sob demanda. Plataformas como OnlyFans e Privacy funcionam como verdadeiros centros comerciais desse nicho, permitindo vender assinaturas mensais ou pacotes avulsos de fotos e vídeos.
Há também casos curiosos de quem adota pés: seguidores que “assinam” pés no Instagram por um determinado valor, transformando aquele perfil em uma espécie de projeção do próprio fetiche. Vale de tudo: unhas impecavelmente aparadas, registros suados do pós-jogo, ou closes detalhados da sola e do dorso.
“É muito comum pedirem para usar havaianas brancas, sandálias slide e tênis esportivo”, conta um atleta profissional de futebol que prefere não se identificar e complementa sua renda com esse tipo de conteúdo. Ele afirma receber de R$ 50 a R$ 100 por pacote, incluindo fotos e vídeos feitos sob encomenda.
É inquestionável que na era da internet a criatividade empreendedora se une às estratégias para gerar oportunidades de negócio. Afinal, seja um pé ou rolex, no capitalismo quem dita o consumo é o desejo.
No fim das contas, o mercado prova que, na era digital, criatividade empreendedora e estratégia caminham juntas. Porque, no capitalismo, seja um pé ou um Rolex, quem manda mesmo é o desejo.
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